Thích Quảng Ðức durante a auto-imolação / Por: Malcolm Browne. |
Guerras, descriminação, exploração, fome,
protesto, regresso, opressão, progresso, liberdade. A história do mundo é
também a história do homem, e desde que o homem passou a deixar suas marcas em
cavernas, essa história vem sendo registrada e passada as gerações futuras. Escrituras, esculturas e pinturas, artes que
são nossa memória mais distante.
Mais nova e com outra visão artística (que
muitos ainda insistem chamar de imparcial), a fotografia desenvolveu o formato
que conhecemos durante o século XX, quando as câmeras ficaram menores, mais
acessíveis, e os “artistas” realizaram obras que marcaram e transformaram a
realidade. O ditado diz que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Exageros a
parte, o impacto provocado por uma fotografia muitas vezes extrapola o texto
que a acompanha, ou até mesmo o torna desnecessário.
Menina Afegã / Steve McCurry |
Se uma foto não pode mudar o mundo, pode pelo
menos concertar um pouco as coisas que a sociedade insiste em fazer errado.
Lewis Hine (26 de setembro de 1874 – 3 de novembro de 1940) dedicou sua vida
nessa crença. Suas fotos tratavam, principalmente, o trabalho semi-escravo exercido
nas fábricas norte-americanas por homens, mulheres e crianças. Expressões de
cansaço, desamparo e medo, combinadas com o cenário degradante, são até hoje
uma mancha na história do país que naquela época propagava um ideal
“libertário”. Mesmo não tendo o devido reconhecimento em vida, e vindo a
falecer sem dinheiro, as consequências de sua obra permanecem até hoje na forma
de leis nacionais de proteção ao trabalhador e a criança.
As imagens de guerra, sobretudo após o
fotojornalismo e sua popularização por obras e estilo de atuação como de HenriCartier-Bresson e Robert Capa, passaram a ter também seu significado de
protesto. Agora, não são apenas histórias sobre os horrores do conflito, mas as
imagens que correm o mundo; imagens que chocam pela presença de crianças, inocentes
ou soldados, nos conflitos dos quais muitas vezes ignoramos; imagens como a de Phan Thị Kim Phúc correndo de seu vilarejo em
chamas durante a guerra do Vietnã ; como Sharbat Gula, a menina afegã refugiada
longe de sua pátria pela invasão Soviética; ou como Thích Quảng Ðức, que em
forma de protesto ateou fogo em seu próprio corpo, sacrificando-se
voluntariamente.
Menina Vietnamita foge de sua vila após ser bombardeada com Napalm por Norte Americanos / Nick Ut / AP |
A fotografia tem a
capacidade de não apenas registrar o instante, mas toda a história e o contexto
que a envolve. Por isso a importância de “fotografar propositalmente”, conhecer
o objeto, estudar tudo que o envolve, assumir um ponto vista e evitar fotografar
aleatória e indiscriminadamente na esperança que alguma fique boa suficiente
para ser publicada.
“O mundo não está feito de átomos, o mundo está
feito de histórias”. - Muriel Rukeyser
Por : João Previattelli
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