sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bresson, a extensão do olhar.


Henri Cartier-Bresson nasceu na comuna* francesa de Chanteloup-en-Brie em 1908, no dia 22 de agosto. Considerado um dos principais nomes do fotojornalismo, ramo da fotografia onde a informação e o registro de algo são os fatores principais, nunca deixou de se preocupar com a beleza artística e estética de seu trabalho, sobretudo pela influencia surrealista que adquiriu em sua juventude. Foi também, em 1947, um dos criadores da mundialmente famosa agencia de imagens Magnum, junto com outros grandes profissionais como Robert Capa e George Rodge.

Suas experiências profissionais o expuseram a riscos dos quais enfrentou sempre mantendo um ponto de vista livre e autônomo. Foi prisioneiro de guerra da Alemanha nazista em 1940 e fugiu três anos depois, indo compor a resistência francesa para, em 1945, finalmente fotografar a libertação de Paris. Viajou o mundo sempre acompanhado por seus leves equipamentos e câmeras Leica, característica que o permitia aproximar-se das cenas como se ele também fizesse parte delas. E com suas imagens, nós também fazemos.


Bresson acreditava que a câmera é um “caderno de desenho, um instrumento da intuição e da espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, questiona e decide simultaneamente.” A foto deveria ser um momento decisivo do qual o fotografo deve estar sempre avaliando as possibilidades, formas, cenas, elementos, enfim, tudo que possa resultar em algo vivo e belo.

Sob essa perspectiva, Bresson fotografou o mundo, com seus diferentes protagonistas e momentos históricos: Acompanhou os últimos dias de Gandhi, tirou retratos de artistas como Picasso e Matisse, registrou a China durante a revolução, a União Soviética, Índia, Cuba, México, Estados Unidos e vários outros países, todos a partir de um olhar único.

Ultrapassando a profissão de fotografo, Bresson também foi um professor em suas anotações e posteriores livros. Quem tem seu trabalho como não apenas uma inspiração, mas também como um guia, leva consigo a importância de estar sempre alerta em todas as oportunidades que possam aparecer, até em um passeio rotineiro; a utilizar cada vez menos materiais que possam interferir na cena, como por exemplo refletores; a não disparar de forma “aleatória e maquinalmente”, mas trabalhar na criação do momento certo, pensando nas linhas, formas e posições disponíveis; e, sobretudo, a ter cuidado ao estabelecer relações com os envolvidos, tentando ao máximo tornar-se imperceptível.

Veio a falecer em três de agosto de 2004, na França, aos 95 anos de idade. Sua memória ficou eternizada pelo seu trabalho, por sua arte, e pelo eterno agradecimento que temos pelos homens que fizeram uma boa diferença no mundo.

“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração.
- Henri Cartier-Bresson”

Conheça mais sobre a fundação HenriCartier-Bresson, criada em 2003.


*menor divisão administrativa na França, que significa um número relativo de pessoas compartilhando uma vida em comum. Pode ser uma cidade de 100mil pessoas ou uma aldeia com apenas 200.




Por: João Previattelli

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